Romantização da pobreza

Romantização da pobreza

Você já parou para refletir sobre como a pobreza é romantizada?


Tentar sobreviver ao desemprego vira “empreendedorismo”, usar fogão à lenha porque não tem dinheiro pro gás é “resgate à tradição” e precisar catar livros no lixo para estudar é “um exemplo a ser seguido”.

A romantização da pobreza está na mídia, na cultura, nos conselhos que vilanizam ter dinheiro, na mentira da meritocracia e no personagem mítico do *pobre que é feliz em ser pobre* (ele, sim, precisa de pouco pra viver!).

Continue lendo esse post e saiba mais sobre o assunto.



A ROMANTIZAÇÃO DA POBREZA


É romântico pensar na pobreza como uma forma nostálgica de simplicidade. E no dinheiro como algo que destrói famílias, complica a vida e afasta relações verdadeiras.

“O pobre não precisa de muito para ser feliz, já o rico, sim. Dinheiro não traz felicidade! Dinheiro pra quê? Melhor mesmo é ser rico em saúde e amor…”

A narrativa do pobre feliz em ser pobre tem sido vendida há séculos. Neste post, trago exemplos e reflexões sobre como isso acontece ainda hoje

Mas já adianto: a romantização da pobreza é uma estratégia de alienação política e tem como principal objetivo a manutenção da desigualdade.



ROMANTIZAÇÃO DA POBREZA… NA CULTURA


A pobreza romantizada é perpetuada na cultura há séculos, trago só alguns exemplos:

“Dinheiro não compra felicidade”, “de que adianta ser rico e triste?”, “dinheiro complica tudo”, “dinheiro só traz problema”: quantas frases como essas você já ouviu? Muitas desincentivam a ambição, inventam razões para exaltar a pobreza e vitimizam os ricos.

Infinitos filmes, séries, novelas sobre personagens solitários e tristes por serem ricos. Uns sonham com uma vida simples. Outros, abrem mão de tudo para finalmente serem felizes. Ainda há os que abdicam da riqueza dos pais só para ficarem ricos “sozinhos”, em belos contos meritocráticos.

A ideia de que o pobre precisa de pouco para ser feliz, como se a falta de acesso fosse, na verdade, uma bênção.



ROMANTIZAÇÃO DA POBREZA… NA MÍDIA


A mídia romantiza a pobreza todos os dias:

Notícias que transformam o sofrimento de pessoas em heroísmo e provas da meritocracia: a menina que andava 20km até a escola. O rapaz que passou no ENEM catando livros no lixo. A família que “resgatou as raízes” usando fogão a lenha. A mãe desempregada que virou empreendedora vendendo pipoca. “Se eles conseguiram, só não consegue quem não quiser” é a mensagem subentendida.

Miséria como experiência. 
A mentalidade é explorada na moda, com editoriais que mostram moradores de rua. No turismo, com hotéis simulando barracas e favelas para ricos viverem dias de pobreza chique.

Falando em “pobreza chique”, o termo virou “estética” instagramável e “poverty chic” tem mais de 7 milhões de menções no Google.



DINHEIRO COMPRA FELICIDADE?


E com tudo isso quero dizer que dinheiro compra felicidade? Não. Quero dizer que, em uma sociedade capitalista, dinheiro compra acessos a:

Educação
Saúde
Cultura/Lazer
Justiça
Boa alimentação
Tempo/Ócio/Criatividade

O ideal seria que todos tivessem acesso a essas coisas. Mas, enquanto isso não acontece, precisamos cortar pela raiz discursos que romantizam sofrimento e culpabilizam pessoas por serem vítimas de um sistema injusto.

A “pobreza feliz, simples, satisfeita” e a meritocracia são mentiras que favorecem poucos.



PARA REFLETIR E REPASSAR


Romantização da pobreza

1. Dinheiro não compra felicidade, mas compra acessos. Educação, comida, saúde, cultura, tempo e justiça se tornam bem mais possíveis com dinheiro.

2. A pobreza não é mais simples. Ela tira o sono, a saúde e o lazer.

3. Meritocracia é uma mentira que só continua sendo contada porque favorece aqueles que estão no poder. É mais fácil justificar desigualdade com merecimento do que com exploração.

4. Representatividade importa. É mais fácil desejar e exigir mais quando há exemplos a seguir.

5. O pobre não precisa de menos para ser feliz. É importante não confundir falta de oportunidade com falta de vontade.







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27 anos, nordestina em SP, publicitária graduada e pós graduada pela USP, escritora e apaixonadíssima por moda, cinema, viajar e sorvete. Fico entediada bem rapidinho com as coisas, então, costumo fazer várias ao mesmo tempo. Vivo à procura de encanto.

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